O Alto Representante da União Europeia para Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell, declarou nesta quarta-feira (5), que a guerra da Ucrânia agora se encontra em uma etapa mais perigosa devido à ameaça do uso de armas nucleares da Rússia. "A guerra continua e as notícias do campo de batalha são boas para a Ucrânia, que está voltando à ofensiva, mas o confronto entrou numa nova fase, uma fase que é sem dúvida perigosa porque estamos perante um cenário assustador, ao qual não devemos fechar os olhos", avaliou Borrell.

Também na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Borrell discursou que num cenário de uma guerra convencional envolvendo uma potência nuclear, que atualmente está ameaçando utilizar armas nucleares, é certamente um contexto preocupante, no qual se tem que mostrar o apoio da UE à Ucrânia sem vacilar. Além disso, o chefe da diplomacia da UE sublinhou que embora a Ucrânia esteja avançando em três frentes, no Donbass, no centro sul de Zaporijia, para Mariupol, e finalmente em Kherson, a Rússia ainda tem a superioridade numérica, a superioridade do poder de fogo, razão pela qual é necessário ter cautela.

Nos últimos dias, foram registrados inclusive ataques russos contra a zona da central nuclear de Zaporijia, no sul da Ucrânia, a maior da Europa, depois de o líder russo, Vladimir Putin, ter anunciado uma mobilização parcial de 300 mil reservistas russos. E hoje Putin assinou um decreto, no qual determinou oficialmente a tomada da usina de Zaporizhzhia. "A situação do exército russo é muito ruim. Entre outras coisas, porque os soldados russos não sabem para que serve a guerra e os 300 mil que serão levados das suas casas para a frente de batalha compreenderão ainda menos, pelo que a guerra pode ser ganha no campo de batalha, mas deve ser ganha sobretudo no campo das ideias. Além da guerra em si, há outra guerra, que é a guerra pela supremacia dos valores", afirmou Borrell.

Para Borrell, o presidente russo está à espera do frio, de cortes no fornecimento de gás, de preços elevados e temperaturas baixas para minar a vontade europeia de continuar a apoiar a Ucrânia. "Este é o lugar para pedir aos europeus que compreendam o que está em jogo, porque o nosso apoio à Ucrânia não é apenas uma questão de generosidade, o nosso apoio à Ucrânia deve ser infalível, pois a segurança da Ucrânia está intrinsecamente ligada à nossa própria segurança", disse no debate do Parlamento Europeu.