O velório da arqueóloga Niède Guidon foi aberto ao público na tarde desta quarta-feira (4), Em São Raimundo Nonato, local onde ela construiu sua trajetória e deixou um dos maiores legados científicos do país. A cerimônia segue até a meia-noite, permitindo que moradores, admiradores e colegas prestem suas últimas homenagens à pesquisadora que transformou a compreensão sobre a pré-história das Américas.
Niède será sepultada no quintal de sua residência, localizada no Museu do Homem Americano. O sepultamento será realizado na manhã desta quinta-feira (5), às 9h, em cerimônia reservada.
Niède Guidon faleceu na madrugada desta quarta-feira, aos 92 anos. Natural de Jaú (SP), ela dedicou mais de 50 anos ao estudo da presença humana na região do semiárido piauiense, desafiando teorias estabelecidas e revelando ao mundo um Brasil milenar.
Suas descobertas no Parque Nacional da Serra da Capivara, especialmente em sítios como o Boqueirão da Pedra Furada, apontaram a presença de humanos nas Américas há mais de 50 mil anos, muito antes do que a ciência aceitava até então. A tese provocou intensos debates e ganhou projeção internacional, especialmente após a publicação de um artigo na revista Nature, em 1986, sugerindo a chegada do Homo sapiens ao continente há pelo menos 100 mil anos.
Mais do que uma pesquisadora, Niède foi também uma incansável defensora da preservação do patrimônio cultural e natural. Criou, em 1979, o Parque Nacional da Serra da Capivara, hoje Patrimônio Mundial da Humanidade reconhecido pela UNESCO, e fundou a Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), onde atuou até os últimos anos como presidenta emérita.