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Dia dos Povos Indígenas: O que realmente deve ser comemorado?

Dia dos Povos Indígenas: O que realmente deve ser comemorado?

Publicada em 19/04/2023 às 06:42h

por A Tarde


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 (Foto: Raphael Muller)

O mês de abril é repleto de ações pedagógicas de diferentes etnias indígenas para reafirmar a cultura das comunidades no período em que se celebra o Dia dos Povos Indígenas, no dia 19. Anteriormente, a data, instituída em 1943 pelo então presidente Getúlio Vargas, era conhecida como Dia do Índio.

Para além das celebrações nas escolas e instituições, este é um momento em que os povos originários trazem outras pautas políticas para destacarem suas lutas e desconstruírem a imagem primitiva criada nos livros de história. O Portal A TARDE conversou com alguns representantes indígenas das etnias Pataxó Hã-Hã-Hãe, Xukuru-Kariri e Fulni-ô, para entender o real significado do Dia dos Povos Indígenas e as problemáticas atuais das aldeias.

Patrícia Pataxó foi a primeira indígena a ingressar no curso de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e atualmente é superintendente de Políticas para os Povos Indígenas na Secretaria de Promoção da Igualdade Racial da Bahia (Sepromi). A representante destaca que a data que era conhecida com o termo “índio” trazia um sentido pejorativo.

“Esse dia do índio é altamente debatido e questionado, como se o índio fosse um termo pejorativo, é como se todos fossem iguais, mas temos aqui uma riqueza cultural de vários povos. Essa era a inquietação dos povos indígenas do Brasil. Foi feita essa alteração para o Dia dos Povos Indígenas quando tivemos a primeira mulher indígena eleita deputada federal. O Projeto de Lei foi da deputada Joenia Wapichana, do estado de Roraima, que hoje, inclusive, é presidenta da Funai”, explica a superintendente.

De acordo com o Senado Federal, a mudança do nome da celebração tem o objetivo de explicitar a diversidade das culturas dos povos originários. O termo "indígena", que significa "originário", ou "nativo de um local específico", é uma forma mais precisa para se referir aos diversos povos que vivem no território brasileiro desde antes da colonização, explicou o senador Fabiano Contarato (PT-ES), relator do Projeto de Lei.  

Patrícia Pataxó também ressalta que a mudança de nome traz a ideia de coletividade e diversidade dos povos. “Nós não temos um povo indígena, são diversas etnias, são culturas diferentes, são línguas diferentes, são modos de vidas diferentes. Então, por isso esta mudança. Nada mais do que justo, do que ficar com a ideia colonizadora”.

O cacique do Coletivo Cultural Wetçamy, Idyarrury Xukuru-Kariri, trabalha, durante todo o mês de abril, com imersões e vivências pedagógicas ao lado do seu grupo, que é formado por 12 indígenas das etnias Xukuru-Kariri, Fulni-ô, Kariri-Xocó e Pankararu. Para o líder, o trabalho que realiza é um movimento de desconstrução nas escolas e contação da verdadeira história dos povos indígenas.

“Não é uma data para ser comemorada, mas sim uma data para ser lembrada, de quem somos nós e porque estamos aqui. Inclusive, é uma data que a gente vai para as escolas fazer essa desconstrução da história que é contada. Somos pessoas que mereciam o crédito por resistir a esse tempo de massacre e descolonização [...] O dia 19 apenas nos fortalece para que a gente mantenha realmente a nossa cultura de pé e firme”, diz o cacique.

O Doutor Honoris Causa e líder da reserva indígena Tha-Fene, Wakay Fulni-ô, também realiza trabalhos pedagógicos em escolas e instituições, levando ensinamento e desconstrução sobre a cultura dos povos originários. Ele questiona o que deve ser realmente comemorado no Dia dos Povos Indígenas.

"Nós estamos aqui com vários instrumentos, o que significa esses instrumentos? O que é que nós temos para comemorar? Cada um com seu movimento ritualístico, cada instrumento desse. O colar que usamos do dente do animal não é só um enfeite, existe um ritual para isso. O arco e flecha, que normalmente, na história, mostra como arma e nunca foi, colocar hoje também como artesanato e venda. Estamos comemorando ou estamos fazendo comércio de alguma forma? [...] Eu não vejo comemoração no dia do índio”, ressalta Wakay.

 




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