A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) divulgou nota oficial esclarecendo os motivos da exoneração de Miled Cussa Filho do cargo de superintendente regional em Juazeiro (BA).
A saída do gestor ocorreu no dia 9 de maio, um dia após ele encaminhar ofícios ao Ministério Público Federal (MPF) e à Controladoria-Geral da União (CGU) relatando supostas irregularidades em convênios firmados com a Prefeitura de Campo Formoso.
Segundo a Codevasf, a exoneração não teve relação com os ofícios enviados, mas foi motivada por uma reunião realizada com a presença de representantes de uma empresa privada — posteriormente vencedora de uma licitação relacionada aos convênios investigados — dentro da própria superintendência e com a participação de Miled. A direção da companhia afirma que não tinha conhecimento da presença desses representantes, e que a participação do então superintendente no encontro comprometeu os princípios de transparência e integridade institucional.
A nota ressalta que não houve denúncias formais nos documentos enviados por Cussa Filho, mas apenas uma exposição de fatos e registro das providências que já vinham sendo adotadas pela companhia desde o início da execução dos convênios. O ex-superintendente foi informado de seu desligamento em 5 de maio, e os ofícios foram enviados três dias depois.
Ainda conforme a Codevasf, a auditoria especial sobre os convênios com a Prefeitura de Campo Formoso foi aberta em 6 de maio, antes da remessa dos documentos ao MPF e à CGU. A empresa reitera que não possui qualquer vínculo com a construtora contratada pela prefeitura, uma vez que, em convênios desse tipo, as licitações, contratações e pagamentos são de responsabilidade exclusiva do órgão convenente — neste caso, o município.
A Codevasf também reafirmou seu compromisso com os órgãos de controle e declarou que colabora ativamente com as investigações, oferecendo acesso integral aos seus processos administrativos.
Os convênios sob investigação somam R$ 57 milhões e estão ligados a obras de pavimentação executadas pela empresa Allpha Pavimentação.
A Polícia Federal apura indícios de superfaturamento, corrupção e favorecimento indevido à empresa em licitações realizadas pela prefeitura, atualmente sob comando de Elmo Nascimento, irmão do deputado federal Elmar Nascimento. A investigação corre no Supremo Tribunal Federal (STF) devido à possível participação do parlamentar.